Categoria: Rivista Online - Edizione - Aprile 2015

 

 


A Engenheira Lúcia de Brito Roméro Cajaty na mesa de trabalho


Empreendendo na Maturidade
 
A expressão de poder científica e tecnológica no Brasil tem recebido valiosas contribuições de mulheres dedicadas que, ao longo dos anos, trabalham incessantemente nos mais diversos segmentos para fomentar o desenvolvimento.
 
“Revista La Gazzetta”:   entrevista nesta edição,  a Engenheira Lúcia de Brito Roméro Cajaty, carioca, graduada em engenharia elétrica pela UFRJ, turma de 1979,  que direcionou   seus estudos, pesquisa  e conhecimentos para  iluminação pública, segundo ela, “uma fonte inesgotável de desafios”. 
Lúcia Cajaty, reconhecida profissionalmente pela realização de projetos  para a  Cidade do Rio de Janeiro, não cogita parar de trabalhar, pois segundo ela, a idade e o tempo de serviço se transformaram  na capacidade de melhor  empreender  na  maturidade. Declara ainda  que não para  de “pensar Brasil”, a partir de “cases de sucesso” que observa em viagens,  nos diversos  países que visita.
Conversando descontraidamente, nos revela sonhos e projetos que pretende realizar.
 
“La Gazzetta”    : Como Vc vê a I.P. nas cidades brasileiras ?
 
Lucia:A  I.P. é um serviço essencial que deve ser prestado com continuidade para o bem estar da população. Veja bem: este conceito tem sua origem no século XVII, época em que os lampiões no Brasil eram abastecidos com óleo de baleia, se intensificando após a chegada da Família Real (1808), sendo substituídos  posteriormente por gás, com a fundação da Companhia de Iluminação a Gás (1854), no Rio de Janeiro.
No final do sec.XIX, inicio do sec.XX foi então difundida a iluminação elétrica em todas as capitais.
Um século após constatamos expressiva revolução de forma e conteúdo com o advento  do LED, que permite alta qualidade lato sensu, cobiçada pelas prefeituras de todos os rincões do País.
 
“La Gazzetta”   : O que Vc acha do LED na I.P.?
 
Lucia: Quando visitei em 2014 a Feira Mundial de Iluminação em  Frankfurt, Light+Building, constatei que todos os equipamentos destinados e disponíveis para I.P. eram de LED, não mais havendo oferta do sistema convencional. Com isso concluo que o LED já substituiu todas as outras modalidades e veio para ficar. No caso de países como o Brasil, com altas temperaturas, já existem soluções, o que proporcionará o uso em todas as escalas.
 
“La Gazzetta”    : Fale sobre a Resolução 414 da Aneel.
 
Lucia :Existe um provérbio que preconiza: “o papel aceita tudo”. Este ato normativo, citado, é oriundo de uma determinação da CF 1988 que, para muitas prefeituras ainda não se materializou, isto porque a gestão da iluminação pública exige, mesmo nas pequenas cidades, formação técnica de pessoal, treinamento e especialização no setor, que é dinâmico e eivado de riscos, em face da grande oferta de serviços e produtos de qualidade duvidosa.
 
“La Gazzetta”    :   Qual seu  paradigma na I.P. ?
 
Lucia : O setor de I.P. da cidade de Barcelona, que adota há alguns anos o serviço de telegestão, permitindo a identificação a  longa distância de defeitos nos equipamentos, proporcionando uma eficaz manutenção e, com o advento do Led, a dimerização, que permite controlar a intensidade de luz no período noturno, com possibilidade de  grande economia para a prefeitura, no consumo de energia.
 
“La Gazzetta”    : Na sua opinião o que um gestor publico deve saber de IP?
 
Lucia : Que o mercado de I.P. é complexo, não dando espaço para amadores. Não se permite tomar decisões erradas pois  causarão prejuízos, muitas vezes irrecuperáveis, para o Poder Público e no final para o contribuinte que paga os impostos.
Basicamente, o gestor público deve focar na formação de uma equipe de profissionais permanente, para os setores de planejamento estratégico, manutenção e de aquisição de equipamentos que possam ser reaproveitados, acompanhando a evolução das tecnologias.
 
“La Gazzetta”    : Como formar um bom técnico em I.P. ?
 
Lucia:Não existe até hoje especialidade ( cátedra)  dentro das universidades e centros de formação de nível médio profissionalizante, para se  formar um expert em luminotécnica.  Por isso tal formação demanda muito tempo, advindo do aprendizado diário no local de trabalho com os respectivos desafios.  
Para engenheiros e técnicos de alto nível , recomendo  a visitação a  Encontros e Feiras Nacionais e Internacionais de Iluminação, bem como de  laboratórios de ciência e alta  tecnologia específicos, que costumeiramente abrem suas portas.
 
“La Gazzetta”    : Vc pode citar alguns?
 
Lucia :A Light + Building, em Frankfurt, Alemanha e o laboratório Olac, em Lyon, na França, onde se concentram informações de ciência e tecnologia.
 
“La Gazzetta”  : Vc tem alguma proposta para criação de um centro de pesquisa no setor?
 
Lucia :Protocolei uma proposta de um ante projeto para formação, pesquisa e estudo das tecnologias LED e Fotovoltaica no Forum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro - Jornalista Roberto Marinho, vinculado à Assembléia Legislativa (ALERJ) e estou aguardando com excelentes expectativas a implementação da proposta neste ano de 2015.  
 
“La Gazzetta” : O que é o Projeto Rio-Roma?
 
Lucia: Através do apoio da obtido da AIBAC – Associação Ítalo Brasiliana de Cultura, presidida pelo Dr. Giuseppe Arnó, iniciamos reuniões com a Acea, s.p.a., empresa pública que ilumina as cidades de Roma e o Vaticano, surgindo a oportunidade para criarmos um intercâmbio de profissionais brasileiros e italianos, na troca de informações e experiências na luminotécnica e gestão da iluminação. O projeto hoje encontra-se em análise e acreditamos poder ter uma definição no próximo encontro que haverá em Roma por ocasião do importante evento que será o PLDC, em outubro deste ano, onde pretendemos implementar o Projeto Rio Roma.
 
“La Gazzetta” : Fale um pouco sobre a Festa das Luzes?
 
Lucia :A Fête des Lumières é um evento anual na cidade de  Lyon, onde os light designers apresentam projetos de alta performance, envolvendo arte, ciência e tecnologia com luz, a céu aberto, reunindo 4 milhões de pessoas em três noites, para comemorar a padroeira da cidade que é Nossa Senhora da Conceição. A cidade investe 6 milhões de euros e realiza 20 milhões, aproximadamente. Os lucros são investidos na melhoria da cidade e redução de impostos. É surpreendente !
 
“La Gazzetta” : Vc pensou em trazer essa festa para o Brasil ?
 
Lucia:Claro que sim , acho que qualquer cidade de médio porte que queira realizar a Festa das Luzes, basta se associar a LUCI (Lighting Urban Community International), reunir os desenhadores de luz ( light designers) , participar de reuniões com outras 60 cidades associadas, tendo assento ao lado de cidades como Paris, Bruxelas, Copenhagen e Moscou, e se candidatar para ser escolhida como cidade sede para um encontro mundial. Isso se traduz num grande apelo turístico e dá muito prestígio.
 
“La Gazzetta” : Fale de projetos a curto e a médio prazo.
 
Lucia :A curto, em agosto participar do Led Fórum(SP) e em outubro participar do encontro mundial de profissionais de lighting design ( PLDC), em Roma.  Neste venho tentando sensibilizar os organizadores para um encontro mundial no Brasil. Acredito que a cidade de São Paulo é sob medida para sediar o PLDC (Professional Lighting Design Convention).
A medio prazo, introduzir a telegestão na I.P. na cidade do Rio de Janeiro.
 
“La Gazzetta” : E a longo prazo?
 
Lucia :Demonstrar ao empresariado e o setor público a  viabilidade das franquias da Messe de Frankfurt no Brasil, para realizar  feiras de altas tecnologias, principalmente no setor de I.P., a Light+Building. Com isso nos igualaríamos a Argentina que já realiza com sucesso a light+building há muitos anos.
 
“La Gazzetta” : Existe algum projeto, na sua opinião, envolvendo a I.P. que deveria ser assimilado para colaborar com a matriz energética do Brasil?
 
Lucia:Como vc sabe , existe uma proposta de se substituir 15 milhões de pontos de luz em todos os logradouros públicos do País pelo sistema Led, para se economizar energia na ponta. Minha sugestão é acoplar a essa idéia a utilização da produção de energia limpa e renovável dentro das cidades utilizando a modalidade fotovoltaica. Com o avanço na área da automação, podemos pensar em captar energia solar para a iluminação de prédios públicos e monumentos, a partir da captação, armazenamento e distribuição no mesmo bairro, tecnologia denominada smart grid, promovendo o uso racional da energia.  Isso serviria de exemplo para o particular e para iniciativa privada, que logo iriam aderir ao programa e teríamos então condomínios, prédios residenciais e comerciais  servidos pela modalidade fotovoltaica, que é largamente utilizada na Alemanha.
 
“La Gazzetta” : Existem empresas no Brasil capacitadas para implantar a tecnologia  fotovoltaica e o sistema smart grid?
 
Lucia:De momento, lembro que existe uma holandesa e outra japonesa de captação solar. Você sabe que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de silício ( insumo da placa fotovoltaica) . Nosso país conta com todos os elementos para fabricar as placas utilizadas na captação solar, eliminando os custos de importação deste produto, o que permitirá a potencialização do uso da energia solar, colaborando com o Governo Federal na reserva estratégica de produção de energia renovável.
 
“La Gazzetta” :  Para terminar, fale sobre o que faz  em  seus momentos de lazer ?
 
Lucia:Sou uma pessoa simples por isso freqüento a Praia de São Conrado na Zona Sul do Rio, me exercitando ao caminhar no calçadão,  mas o que mais me agrada é o almoço de domingo com as netas em qualquer restaurante do Leblon, recomendo todos. 

Redação